1.1 Os Antecedentes – assim era Araranguá
Araranguá muito antes de ser essa belíssima cidade com aproximadamente 300km2, constituía-se a partir de 1848, a Freguesia Nossa Senhora Mãe dos Homens do Araranguá, uma área de 5.000km2 pertencente ao município de Laguna (SC). Seu passado está intimamente ligado à vinda de famílias lagunenses, açorianas, vicentistas e de escravos para o sul do Brasil. Ocupando o litoral formaram os primeiros núcleos de habitantes, como as localidades de Cangicas, Barra Velha, Morro dos Conventos e Ilhas, essa última, o berço da futura cidade de Araranguá. Os primeiros habitantes dessas comunidades como das demais do litoral sul catarinense estavam atrelados a economia da mandioca e da cana de açúcar.
Com a criação do município de Araranguá em 1880, um novo local foi escolhido para se tornar sede municipal. Alguns quilômetros rio acima onde atualmente está o sítio urbano da cidade, moradores do litoral passaram a migrar para essa nova área. Posteriormente, em 1886, acompanhando as tendências europeias de urbanização, a pequena e nova vila de Araranguá receberá um planejamento inicial realizado pelo engenheiro Antônio Lopes de Mesquita, que daria estética urbanística de largas avenidas e quadras bem traçadas, marcas da cidade que passaria a ser chamada “cidade das avenidas”.
Durante as quatro primeiras décadas do século XX, Araranguá procurava estruturar os rumos que a levariam ao progresso material e humano. Era o momento de definir políticas públicas de higiene médico-sanitárias, como a criação de rede esgotos, de fossas sépticas residenciais, de legislação determinando o abate de animais em abatedouros públicos, de combate às epidemias, de repressão às práticas de contrabando existente entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul e muitas outras normatizações.
1.2 O progresso do Brasil impulsiona Araranguá – Momento histórico de Araranguá e do Brasil
Paralelamente ao desenvolvimento da cidade, estavam ocorrendo grandes transformações no cenário nacional. As sucessivas crises mundiais, decorrentes da Primeira Guerra Mundial, 1914/18, e da Grande Depressão em 1929, permitiram ao Brasil, mesmo diante da grave crise econômica que se abatia sobre o país, pelo fato de ter sua economia ligada unicamente à produção de café, repensar uma nova política econômica, com incentivo à policultura. Durante o período de Getúlio Vargas 1930/45, a face econômica do país altera-se gradativamente. A política de desenvolvimento industrial incentivada por Vargas e estimulada pela ocorrência da Segunda Guerra Mundial 1939/45, impedindo a importação de bens industrializados, muda a fisionomia das cidades brasileiras. Além de leis trabalhistas, a obrigatoriedade do ensino primário tornou-se marca da Era Vargas, eram sinais de novos tempos para o Brasil. A percepção de que o progresso só poderia ser alcançado com instrução do povo brasileiro, tornava-se realidade.
Para várias gerações de brasileiros, o futuro tinha nome certo: chamava-se terra. Terra que por milhares de anos alimenta a todos. Terra que garante a riqueza das nações e a subsistência dos povos, terra que significava trabalho garantido as futuras gerações, terra sinônimo de segurança ao pai que ao partir deixará seus filhos estáveis e seguros. Entretanto, a velocidade do desenvolvimento das máquinas requisitava pessoas com maior qualificação e instrução para lidar com uma nova forma de sociedade, já que não havia mais “tanta” segurança em relação ao futuro, pois a terra não será mais o único meio de sustento.
A percepção dessas mudanças nas estruturas econômicas no Brasil se faz presente em Araranguá; a necessidade de qualificar os jovens é sentida entre as famílias araranguaenses. O ritmo das mudanças impressas no país não excluíram a “cidade das avenidas” de tomar um novo rumo, que para ser alcançado dependia da redução do número de analfabetos, algo comum em todo território nacional.
1.3 Edificando o futuro - iniciativa de instalar o Colégio
Na década de 1940 já havia duas grandes escolas na cidade de Araranguá: o Colégio Estadual de Araranguá, também conhecido como ‘Colégio Normal’ e o Colégio Castro Alves, ambos mantidos pelo poder público estadual. Contudo, a graduação do ensino oferecido por estes colégios não era suficiente para evitar que muitos filhos do município tivessem que estudar fora. Segundo o sr. Artur Bertoncini, vereador em 1955, “a ideia de modo geral era trazer o científico e uma Congregação para Araranguá”. Já existia a vontade de que este novo colégio deveria ser administrado por uma Congregação Religiosa Católica. De fato, a região de Araranguá e povoada por uma grande leva de açorianos com uma cultura profundamente católica. A festa da Padroeira da Cidade, Nossa Senhora Mãe dos Homens, que se tornou a maior festa popular de toda a região do Vale de Araranguá, testemunha a profunda fé católica do povo.
Segundo relato do Sr. Artur Bentoncini, não existia a estrutura física do Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens antes do convite formal à Congregação dos Josefinos de Murialdo. Afirma o sr. Artur Bentoncini: “O prefeito Afonso Ghiso foi na Câmara de Vereadores e combinou que ia para Ana Rech – Caxias do Sul, falar com os padres para vir a Araranguá. Mas queria levar uma certeza: oferecer, aos padres uma área de terra, por parte do município”. Houve alguma resistência quanto à proposta, mas foi aprovada. Isso porque naquela época o terreno era barato. Foi comprado do Sr. Albino Pereira.
Para a construção, o prefeito e vereadores buscaram auxílio na esfera nacional. Sr. Artur Bertoncini usa uma expressão bastante curiosa para expressar a proximidade com figuras da política nacional: “então, ele tinha muita força com os Ramos. Nós, tínhamos aqui o Nereu Ramos que foi vice-presidente da República, foi filho do Vidal Ramos. Nós, aqui de Araranguá éramos amigos do Nereu Ramos e do irmão dele, o Joaquim Ramos (Deputado Federal) e o Altíssimo Tournier tinha muita força como político por 20 anos e era chefe do partido PSD. Até o Nereu Ramos parou na casa do Altíssimo Tournier quando esteve aqui. O Altíssimo Tournier foi quem pediu dinheiro ao Nereu Ramos para fazer o Colégio. Ele tinha muita força com o vice-presidente da República”. A respeito de como foi conseguido o recurso, afirma o sr. Artur Bertoncini: “Depois que o Altíssimo Tournier conseguiu se comunicar com o vice-presidente da república, ele reuniu o diretório e escreveu uma carta e a entregou para Afonso Ghiso, que era da UDN, enquanto o altíssimo Tournier era do PSD. Naquele tempo, o Presidente da República era o General Dutra (Eurico Gaspar Dutra). Conseguiram dois mil contos que foi usado para construir o Ginásio e sobrou 500 contos que foi usado para fazer o Grupo Escolar de Passo do Sertão”.
O convite para que os Josefinos de Murialdo, então sediados em Ana Rech – Caxias do Sul -, assumissem a direção do Ginásio foi feito pelo prefeito e também pelo pároco da cidade, Pe. Santos Spricigo.
2 . A CHEGADA DOS JOSEFINOS DE MURIALDO
Chegando em Araranguá, em 1952, Pe. Santos Sprícigo assumiu a Paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens e, de imediato, uma preocupação: a ausência na cidade de um ginásio para a juventude. Naquele momento as paredes do ginásio já estavam levantadas. Nessa ocasião, o sr. Afonso Ghizzo procura o novo pároco e indaga se o mesmo não conseguiria padres para levar a obra adiante. Padre Santos se propôs e foi em busca daqueles que seriam os futuros administradores do ginásio.
Em 1992, Pe. Santos relatou em entrevista ao Pe. Cornélio Dall’Alba, como foi sua ida a Caxias do Sul, no intento de trazer os padres Josefinos para administrarem a obra.
“Então, era um domingo de carnaval, celebrei duas missas de manhã e convidei o Manuel Idalino, motorista, para irmos a Caxias para ver se conseguiríamos trazer os padres Josefinos. Saímos ao meio-dia; me lembro que no lusco-fusco da noite, em Vacaria, de repente, pulou na estrada uma rês; por sorte que não esbarramos nela. Tocamos adiante, passamos por São Marcos e nós dois brincando: que carnaval vamos ter hoje em Caxias? Pelas duas horas da madrugada batemos num hotel em Caxias; estava lotado, procuramos mais uns três, todos lotados. O que fazer? Deixar amanhecer o dia, dormindo no Jeep.
Na 2ª feira de carnaval fomos para Ana Rech, ali procuramos o Provincial, Pe. João Schiavo, que nos levou a tomar um café com ele. Depois, expusemos a razão de nossa presença em Ana Rech. Narrei toda a situação, a construção, a necessidade de padres para o futuro de Araranguá. Disse ao Pe. João que não precisava muitos padres, mas pelo menos dois. ‘Não dou resposta hoje, hoje vou rezar e você reze também’, disse o Pe. João. Rezamos, participamos do terço e fomos dormir.
Na 3ª feira de carnaval, após a missa da manhã, o Pe. João disse: ‘O Espírito Santo há de assumir esta causa junto à nossa Congregação’. E nós, felizes, voltamos para Araranguá, e na 4ª feira transmiti esta boa notícia para toda paróquia. Por que chamar os Josefinos? Por que havia sabido que esses padres se dedicavam à educação da juventude, com menores... Padre Santos fora professor de música no próprio ginásio”.
Após ter concretizado sua missão de conseguir que os padres viessem para Araranguá, era chegada a hora da cidade preparar-se para recebê-los e dar início a uma nova etapa. O Sul catarinense já não seria o mesmo, e certamente poderíamos dividir a história de nossa região em duas etapas: o antes e o depois dos Josefinos, o antes e o depois de 1955. Esse será o grande divisor de águas na formação acadêmica de nossos jovens.
A preparação para ingressar em Araranguá foi realizada com fé e confiança na Divina Providência. Pe. João Schiavo, homem a quem denominavam de santo devido a sua vida de oração e confiança em Deus, tomava as devidas providências preparando a viagem e o início das atividades educativas. Preocupou-se também com o lado social e jurídico; muniu-se de documentos que comprovavam a idoneidade moral e civil do Instituto Leonardo Murialdo. A declaração de idoneidade moral foi também comprovada em cartório. Pe. João Schiavo apresenta para o prefeito e vereadores de Araranguá uma declaração registrada em cartório de Caxias do Sul, de que o Instituto Leonardo Murialdo, tem idoneidade moral e civil para dirigir um Ginásio. A data da declaração é de 28 de janeiro de 1955.
A autorização para o início do Ginásio foi concedida pelo Ministério da Educação e Cultura. Pe. João Schiavo encaminhou pedido para “conceder verificação prévia e [...], ao mesmo tempo, autorização ao novo Ginásio para funcionamento”.
Pe. João Schiavo nomeou também o primeiro diretor do Ginásio de Araranguá. Em ofício dirigido ao sr. dr. Armando Hidebrand, diretor do Ensino Secundário, Pe. João Schiavo “apresenta como diretor do ginásio de Araranguá (SC) o Pe. Feliz Bridi”. O documento foi emitido em Caxias do Sul, no dia 28 de janeiro de 1955.
Enfim, se deu a tão esperada chegada do primeiro diretor, Pe. Félix Bridi, no dia 05 de março de 1955, como consta os registros históricos.
“Chegou a esta cidade de Araranguá, depois de longa viagem, o primeiro representante da “Pia Sociedade Torinesa de São José, Revmo. Padre Félix Bridi. Sua vinda tem por finalidade assumir a direção de um ginásio, doado pela prefeitura local, à pia sociedade. O revmo. Pe. Bridi saiu de Porto Alegre às 3 horas da manhã do dia 05, sem rezar missa, em jejum e com a esperança de o poder fazer ao chegar em Araranguá. Tal desejo não foi realizado por causa de um indesejado desarranjo da linha, com o relativo atraso da chegada que só se deu às 13h30min. Oxalá que esta terra, depois de ter sido abençoada pelos primeiros padres jesuítas que aqui abordaram, seja também abençoada pelos padres josefinos” (livro Cronistória, p. 01).
3. PE. FÉLIX E OS PRIMEIROS ANOS
O historiador não recupera o passado “como ele de fato foi”. O passado “como ele de fato foi” está irremediavelmente perdido. Dele restaram apenas reminiscências.
Como afirma Nicolina de Petta, historiadora da USP, “cabe ao historiador interpretar ou reconstruir o passado através de uma investigação”. É isso que pretendemos neste capítulo: contar, interpretar um pouco da vida do padre Félix enquanto diretor do Colégio Murialdo.
Há 50 anos, uma pequena equipe de professores iniciou seus trabalhos sob a direção de padre Félix. “O colégio era constituído apenas de rapazes. O padre Félix era o orientador de tudo, e cooperava muito com os professores, ele dava uma atenção muito especial para nós”, revela Dioclécio Machado, professor de Educação Física na época, e que muito se orgulha de ter participado do corpo docente do colégio, “ainda mais tendo o Padre Félix como diretor”. As dificuldades no início eram grandes, principalmente para se conseguir materiais esportivos. No entanto, desde o início, o Colégio teve uma grande preocupação com as atividades esportivas: “O padre Félix jogava com os alunos e de batina”. O voleibol era o grande esporte. Destacavam-se como jogadores, dentre outros, o Noberto Kinderman e o César Henneman. Enquanto seu Dioclécio treinava, o pe. Félix ficava do lado lendo a Bíblia, “se não lesse ficava no pecado”, brinca seu Dioclécio. O aluno não poderia ser avaliado apenas por aquilo que demonstrava na sala de aula.
Segundo o sr. Dioclécio, “o Pe. Félix marcou a vida desta rapaziada, que hoje são doutores, engenheiros, carpinteiros, pedreiros,... e tudo gente boa, não tem nenhum vadio. Ele ensinou bem.”
De uma bondade muito grande, porém, pe. Félix era bastante exigente com seus alunos. Conquistava, mas estabelecia limites e valores. Quando, no entanto, uma criança cometia alguma falha, ao chegar perto dele, já ia contando tudo. Era professor de religião e exigia que as crianças comparecessem na missa dominical. Após a missa, então, era a vez do futebol e do voleibol com a participação dele, é claro.
A religião jamais era deixada de lado. Havia uma sala de aula e ali fizeram o altar. Porém, não tinham bancos. O sr. Max Henneman é que forneceu os bancos. O pe. Félix auxiliava muito o vigário da paróquia que era o Santo Sprícigo. Ele ia às capelinhas, nas comunidades, de carroça, pois o Pe. Santo não conseguia atender a todas as comunidades.
O sr. Dioclécio relata também que aquele “foi um tempo de teatro e de passeios. Um desses passeios foi a Timbé do Sul. Saímos cedo, numa caçamba. Paramos numa ponte e fizemos a refeição, batemos fotografias. Na volta passamos nos Servos de Maria (Turvo) para disputar uma partida de futebol e vôlei com os padres de lá”.
“Foi na época do pe. Félix que foram cultivadas as árvores e as flores na rua ao lado do Colégio. Quem plantou foi o seu Ernesto e o seu Pedro Sprícigo. Tinham um cuidado grande. Precisava-se de sombra, pois, no verão, era muito quente.”
4. UM COLÉGIO ATENTO AOS SINAIS DOS TEMPOS
No dia 04 de abril de 1955, o diretor padre Félix Bridi e o secretário padre Cesare Toppino iniciaram as atividades escolares com os 36 alunos da primeira série ginasial.
De 1955 a 1968, o Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens ofereceu o curso ginasial aos jovens araranguaenses e das demais localidades vizinhas. Em 1967, o Colégio passou a oferecer o Curso Comercial aos concluintes do ginásio e do curso normal regional de outras escolas. A partir de 1969 inicia-se o curso Científico.
Desde 1956 as crianças pobres e abandonadas de diversos bairros de Araranguá tinham acesso à Escola de Recuperação Murialdo, com professores municipais e funcionava em outro prédio. Em 1970 ela ganhou prédio próprio e, em 11 de agosto de 1971, a direção anexou as quatro séries do ginásio às quatro séries da Escola de Recuperação Murialdo, formando uma unidade escolar única, sob a denominação de Escola Murialdo.
Entre os dias 26 a 28 de janeiro de 1962, o Colégio teve a honra de ser sede do Governo do Estado de Santa Catarina. O ginásio dos padres recebeu, durante três dias, a presença do Governador Celso Ramos que exerceu suas atividades governamentais, despachando com todo o seu secretariado.
A partir de 1972, o Colégio passou a integrar a FEESC (Fundação Educacional do Extremo Sul Catarinense). Em 1974 iniciou o CICIAR (Centro Intercolegial Integrado de Araranguá), em nível de 2º grau. Com essa modalidade de ensino, os alunos passaram a frequentar três estabelecimentos de ensino: Colégio Integrado Normal de Araranguá, Colégio Integrado Nossa Senhora Mãe dos Homens e Educandário Madre Regina. Em 1982, o CICIAR foi desintegrado e as atividades escolares voltaram a funcionar apenas nas dependências do Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, sob sua responsabilidade e a partir da 1ª série.
Marcante para no final dos anos 70 e início dos anos 80 foi a construção de um ginásio de esportes coberto. Pe. Ezio Maria Julli, então diretor, firmou parceria com o governo estadual. A construção ficou a cargo do governo estadual e o Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens doou o terreno e ficou responsável pela manutenção e administração.
Em 1987, quando o Pe. Gervásio Mazzurana era o diretor, o Colégio viveu um momento de superação e adequação às exigências do tempo. Pe. Raimundo Pauletti assumiu a direção em 1988 e assim descreve o que ocorreu: “O Ensino Médio diurno deixou de funcionar e novos rumos foram tomados. A Associação de Pais (APP) foi alertada que o colégio necessitava tomar decisões radicais, uma vez que a comunidade educativa demostrava pouco apoio, ocasionando baixo nível de ensino. Foi suspenso, então, o curso Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas. A partir de então, as famílias se obrigaram a matricular seus filhos em escolas de Criciúma. Não tardou e, no final do mesmo ano, a comunidade araranguaense, mais ciente da importância de um curso de qualidade, organizou suas forças vivas e se comprometeu a respaldar, em todos os aspectos, a reabertura do 2° grau diurno.
Em pouco tempo a direção, apoiada pela mantenedora, convidou um grupo de educadores para importante tarefa. Optou-se por deixar o curso técnico anterior e reabrir o antigo curso científico, objetivando preparação para o vestibular e a formação integral do aluno. Foram contratados novos educadores para serviços pedagógicos, bem como corpo docente qualificado. Em relação ao material didático, após pesquisa, a escolha recaiu na adoção do Sistema Positivo, adotado em 1987, não só para o novo curso, mas também para o Ensino Fundamental.
Não demorou e os resultados começaram a aparecer. Além de Araranguá, o Colégio passou a receber alunos de municípios vizinhos. Vale dizer que, além do novo material didático, o foi o capital humano fez a diferença”.
No início dos anos 90, com o aumento do número de alunos, o Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, sob direção do pe. Elias Manoel da Silva, passou por uma série de modificações em suas estruturas físicas: ampliação do número de salas de aulas e construção do piso superior sobre as antigas salas. A Instituição também edificou a nova entrada com maior capacidade para receber seus alunos e, na parte superior, uma nova biblioteca com espaço privilegiado para estudo e pesquisa. Foram instalados laboratórios de informática, de ciências, de anatomia e uma sala de projeção (sala de cinema). E como o esporte sempre foi primordial na educação dos alunos, um ginásio de esportes foi construído.
No ano de 2004, o Colégio Murialdo (fazendo parte da Rede Murialdo de Educação) assinou um contrato de parceria com a Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR).
A parceria com a Unopar possibilitou melhoria em todas as salas de aula. Para atender as necessidades do ensino a distância, salas foram equipadas com projetor multimídia, internet e algumas com lousa digital. As salas foram reestruturadas possibilitando o acesso também aos portadores de necessidades especiais.
Ciente da carência de mão-de-obra técnica qualificada para mercado de trabalho, a partir de 2005, o Colégio Murialdo também estabeleceu parceria com a SATC (Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão) de Criciúma, ministrando cursos técnicos nas mais diversas áreas.
O crescimento do Colégio aconteceu também na Educação Infantil. Em 2010 deu-se início à construção de um espaço exclusivo para a Educação Infantil com salas de aula diferenciadas, banheiros próprios, espaço para biblioteca, sala multimídia, parque infantil... No início das aulas, em fevereiro de 2011, esse espaço foi inaugurado gerando alegria, satisfação e qualificando ainda mais todo trabalho.
Com o crescimento da Unopar, novos cursos foram gradativamente ofertados. Por isso, no final do ano de 2012 teve início a cobertura da quadra de basquete, transformando-a numa quadra poliesportiva. Além de atender as necessidades das aulas de Educação Física, de ofertar um novo espaço de lazer e recreação para os alunos da Educação Infantil, abrigar as escolinhas de futsal, vôlei, basquete e handball, o curso de Educação Física da Unopar passou a contar com mais um espaço privilegiado.
O material didático adotado pelo Colégio Murialdo é o do Sistema de Ensino Positivo. O início da adoção foi em 1989. O ano de 2014 marcou 25 anos de parceria. As coordenadoras pedagógicas Ednelci Savi Mondo e Fabiana Vieira Oliveira, que acompanharam a implantação do material, representaram o colégio Murialdo em belíssima cerimônia na cidade de Curitiba onde a Instituição foi homenageada.
Para celebrar o sessentenário, no ano de 2015, muitas atividades foram realizadas. Estruturalmente merece destaque a reforma na cantina e a construção de mais 7 salas de aula (um novo segundo piso). Antes de falar da reforma da cantina, convém lembrar duas pessoas que iniciaram esse belo trabalho e marcaram a vida de muitos alunos: “Seu Charuto” e “Dona Nica”. Alunos, pais, educadores, direção são profundamente agradecidos pelo bem que eles realizaram.
O princípio que norteou a reforma da cantina foi o de transformá-la num lugar de encontro, socialização, estudo, área de lazer. Assim, a arquiteta Neiza Cristina Costa Canela fez um projeto inovador. As obras iniciaram no dia 22 de dezembro de 2014 e uma equipe foi contratada para gerenciar esse novo espaço.
As novas salas de aula surgiram da necessidade para acolher novas turmas da Unopar e do Colégio Murialdo, principalmente no período matutino. Assim, as obras iniciaram no mês de novembro de 2014 e foram concluídas em janeiro de 2015.
Diretores Colégio Murialdo: Pe. Felix Bridi: 1955 a 1959; 1961 a 1963. Pe. Cornélio Todesco: 1960. Pe. Nebridio Bolcato: 1964. Pe. Serefino Tonin: 1965 a 1967. Pe. Raphael de Lorenzi: 1968 a 1970. Pe. Ezio Maria Julli: 1971 a 1976. Pe. Honorino Pedro Dall’Alba: 1977 a 1984. Pe. Gervásio Mazurana: 1985 a 1987. Pe. Raimundo Pauletti: 1988 a 1993. Pe. Angelo Dall’Alba: 1994. Pe. Elias Manoel da Silva: 1995 a 2002. Pe. Evair Heerdt Michels: 2003 a 2011. Pe. Vilcionei Baggio: 2012 a 2021. Pe. Raimundo Pauletti 2022 até os dias atuais.
5. EDUCAMOS PELO DO ESPORTE – O COLÉGIO DOS PADRES E O ESPORTE
São Leonardo Murialdo, fundador da Congregação dos Josefinos de Murialdo desde seus tempos de estudante, em Savona (Itália), era adepto das práticas desportivas, entre elas estava o alpinismo, esporte que lhe garantia condições físicas invejáveis. O entusiasmo de São Leonardo Murialdo pelo esporte e o cultivo de um corpo saudável contagiavam os jovens. Como diretor do Colégio Artigianelli, acompanhava-os em suas atividades físicas e esportivas. São Leonardo estava à frente do seu tempo, pois tinha a plena compreensão de que as atividades esportivas eram ferramentas imprescindíveis na formação de cidadãos de caráter e para a superação das dificuldades, proporcionando aos jovens equilíbrio espiritual e psíquico em harmonia com o físico e orgânico, confirmando a máxima: mente sã em corpo sadio.
Os Josefinos de Murialdo têm por missão promover educação de qualidade, oferecendo excelente formação acadêmica e, para tanto, conta com o esporte como forte aliado para alcançar seus objetivos. Este meio sempre esteve presente desde o começo da Congregação. Desde sua fundação, o Ginásio dos Padres - hoje Colégio Murialdo primaram pela prática esportiva. O primeiro diretor do Ginásio, pe. Félix Bridi, foi um grande incentivador e promotor do esporte. Destacamos dentre suas iniciativas, a construção da quadra cimentada (primeira em Araranguá e no Sul do Estado) e o campo de futebol iluminado, inédito naqueles tempos.
Além do futebol muito praticado pelos alunos do Murialdo, outras práticas desportivas foram desenvolvidas nas dependências do Ginásio. Padre Eugênio iniciou a ginástica olímpica, com aparelhos como paralelas, argolas e cavalo. Os alunos costumavam, sempre que possível, realizar apresentações com a presença de grande público. Na época em que padre Félix Bridi era diretor, já existia a modalidade do espiribol, muito concorrido na hora do recreio, e ping-pongue, jogo em que o padre Félix era imbatível. Nos finais de semana, a seleção de futebol do Colégio entrava em campo em Araranguá e em outros municípios.
Em 1970, com os esforços dos professores Nilton Matos Pereira, Bernadete Cerimbeli e Marilda Pacheco foi criado o JERVA (Jogos Escolares da Região do Vale do Araranguá), muito difundido em todo extremo sul catarinense. A realização do JERVA mobilizava a cidade inteira, que se preparava para receber e hospedar os atletas de outros municípios, era uma miniolimpíada regional.
Uma das grandes personalidades que muito trabalhou para que, ano após ano, a realização do JERVA se efetivasse, foi Irmão Celeste Roman. Irmão Celeste desde sua chegada em Araranguá, em 1967, tem dedicado sua vida aos esportes. Ele não era apenas um professor de Educação Física. Seu lema sempre foi: “Esporte também é educação”. Durante anos Ir. Celeste comandava um time de futebol de adultos (Murialdo) e treinava a garotada para o JERVA, tornando-se, portanto, o pioneiro das “escolinhas”, não só de futebol, mas de diversas modalidades esportivas. Foi também, presidente do Conselho Municipal de Esportes. Certa feita, juntamente com os seminaristas, limpou o campo do Grêmio Fronteira que estava completamente abandonado para que fossem realizadas as primeiras competições do JERVA, por inexistência de um Centro Esportivo.
Foi sentindo a carência estrutural de ambiente para o JERVA que Ir. Celeste tudo fez para dotar o Colégio dos Padres com uma pista de atletismo e quadras polivalentes, incluindo tabelas para basquete. Por essa razão, grande parte do êxito de Araranguá, no JERVA, o município deve ao Colégio dos Padres e ao Ir. Celeste. Todavia, outros professores de Educação Física, como Celso de Souza, Maria Elenita Clemes e Valmir Emerim, bem como desportistas do nível de Nereu Bertoncini e Álvaro Batista, além de outros, continuaram atuando, com eficácia, ao lado do Ir. Celeste, nas competições do JERVA, sempre pregando que “Através do Esporte, também se faz Educação”.
Observando essa breve retrospectiva do Colégio dos Padres na área dos esportes, percebe-se o que isso representou no cenário esportivo amador da Microrregião. Se atualmente, Araranguá detém títulos esportivos, não somente nas disputas do JERVA, mas também nos Jogos Abertos e até em nível internacional, devemos ao pioneirismo do Colégio dos Padres, à abnegação do Ir. Celeste, à competência dos professores de Educação Física e, também, ao talento dos alunos, por que, em termos governamentais, o esporte amador jamais foi incentivado como deveria ser.
6. MURIALDO SOCIAL
São Leonardo Murialdo dedicou sua vida à educação dos jovens em situação de vulnerabilidade social, pessoal e familiar. Toda obra Josefina jamais deve esquecer a sua origem carismática: estar voltada aos mais necessitados.
O Colégio dos Padres também não se olvidou desse princípio evangélico. A primeira atividade desenvolvida foi a Escola de Recuperação Murialdo, cuja data de fundação é de 11 de março de 1956. Pe. Raimundo Pauletti escreveu para a revista Agir&Calar (setembro de 1990) relatando essa atividade. “A finalidade era atender às crianças pobres e abandonadas de diversos bairros da periferia de Araranguá. Com o advento da Lei 5.692 de 11 de agosto de 1971, a direção, por ato da mantenedora, anexou as quatro séries do Ginásio: “as quatro séries da Escola de Recuperação Murialdo, formando uma unidade escolar única sob a denominação de Escola Murialdo”.
As quatro séries da Escola de Recuperação Murialdo (antigo primário) receberam a última aprovação pelo Decreto Governamental n° 7976/SE de 20 de maio de 1969. Somente em 1970 recebeu sede própria que terminou de ser ampliada em 1971.
Através de um convênio firmado em 1974, para atender as exigências do Conselho Estadual de Educação, as primeiras quatro séries da Escola Murialdo (Básico) serviriam também para completar o 1° grau do Educandário Madre Regina (Irmãs da Congregação de Santa Catarina).
Por falta de encaminhamento por parte da Coordenadoria Local de Educação (CLE) de alunos para a Escola Murialdo, em 1976, ficou a Escola Murialdo sem bolsas de estudo estaduais. A isto conseguiu-se obviar:
a) Por convênio com firmas para o Salário Educação;
b) Por convênios com a Prefeitura Municipal de Araranguá, que pagou os professores, desde março de 1976;
c) A partir de 1986, a Escola Murialdo mantém convênio também com a Secretaria de Educação do Estado que cede a professora do pré-escolar;
d) Igualmente, a partir de 1988 a Escola Murialdo mantém convênio com a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Comunitário do Estado para subsidiar os custos com a alimentação e material didático.
Desde 1981, a Escola Murialdo funciona nas dependências do Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens”. A senhora Maria Pipoqueira, pessoa muito conhecida na cidade, pois, também era poetisa, ocupou o espaço físico da Escola Murialdo.
No ano de 1980 a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica tinha como tema “Para onde vais?” e refletia a questão da moradia. A antiga Escola Murialdo tinha uma estrutura muito boa e era habitada pela senhora Maria. Esse tema desafiou a comunidade a pensar numa Obra Social para aquele espaço. Nasceu, então, o Centro de Aprendizagem Murialdo (CAM), projeto que visava a formação para o mundo do trabalho. Após uma significativa reforma, foram contratados o senhor João Izê e sua esposa, Nica, que executaram as atividades sob a coordenação do Pe. Raimundo Pauletti e supervisão do Ir. Augusto Rossi.
Deu-se início ao curso profissionalizante de Costura Industrial, devido à demanda de mão-de-obra no setor e a possibilidade da realização do trabalho em casa, aumentando a renda familiar. A verba para aquisição do maquinário e materiais foi doada por uma benfeitora italiana. O público-alvo foi adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, oriundas da Baixadinha e do Buraco Quente. Muitas foram as adolescentes formandas no Murialdo que ingressaram no mercado de trabalho.
Dentro do princípio de ‘educar o coração’ muitas atividades foram desenvolvidas, jamais esquecendo a parte da espiritualidade. Este projeto contou com a colaboração de muitas pessoas voluntárias e empresas que doavam retalhos de tecidos.
Das peças confeccionadas, foram realizados bazares beneficentes e a verba destinada à manutenção das atividades. Este projeto durou até o ano de 1986, quando teve início, em parceria com as Irmãs de Santa Catarina, as atividades na Casa do Menor Madre Regina.
A Casa do Menor Madre Regina foi pensada no início da década de 1980. Pe. Joacir Della Giustina foi quem teve a ideia de atender crianças necessitadas. Com a chegada do Pe. Raimundo Pauletti o que era somente uma intenção começou a se transformar em realidade. Era necessário encontrar um espaço físico adequado. As Irmãs de Santa Catarina tinham um espaço excelente que poderia ser transformado numa Obra Social. Na Revista Agir&Calar de maio de 1986, pg. 21, Pe. Raimundo Pauletti escreve: “diante da dificuldade financeira de construir uma casa, foi feito um convite, mediante apresentação do Projeto da Casa, às Irmãs de Santa Catarina, para que as mesmas cedessem parte de sua casa que está ociosa. A Madre Provincial levou a proposta ao Conselho e o nosso pedido foi aceito. Seguiram-se conversações e, as irmãs, além de cederam grande parte de seu espaço físico (casa, imóveis, jardim, parque, horta) se ofereceram para assumir o Projeto juntamente com os Josefinos e os leigos engajados”.
O grupo de Leigos Amigos do Menor foi fundamental na discussão, planejamento e início das atividades. Realizaram promoções, visitaram empresas, divulgaram o Projeto. Convém destacar a pessoa da Chica em todo esse processo. A revista Agir&Calar, de agosto de 1987, páginas 37 e 38 faz referência sobre os leigos Amigos do Menor: “A Casa do Menor Madre Regina foi nascendo e mais pessoas araranguaenses, sensíveis à situação dos menores, foram se engajando. Surgiu um grupo de voluntários que, para melhor conscientizar a comunidade local e para ter o essencial para o início da obra, como móveis, utensílios e víveres, promoveu uma grande gincana, que envolveu realmente a população toda, ultrapassando até mesmo as mais otimistas previsões. A gincana aconteceu em julho de 1986”.
A Provincial das Irmãs de Santa Catarina enviou valentes irmãs para atuarem no projeto, entre elas a Ir. Valentina Brand e Ir. Sueli Rohr. Dos Josefinos de Murialdo atuaram Pe. Raimundo Pauletti e toda a comunidade religiosa de Araranguá, que contava também com a presença de fratres magisteriantes. Assim, no dia 11 de agosto de 1986 as atividades iniciaram.
A respeito da coordenação da casa, o artigo supra citado afirma: “A Casa do Menor Madre Regina conta ainda com um Conselho Superior, formado pelos Provinciais das duas Congregações Religiosas envolvidas, sendo atualmente Pe. Honorino Pedro Dall’Alba e Ir. Armela Rhoden, pelos párocos da igreja católica de Araranguá, sendo atualmente o Pe. Ademar de Fáveri e Pe. Lino Brunel e pelo presidente do Grupo de Apoio, Cesar Coan Campos”.
Os seminaristas do Seminário São Leonardo Murialdo também atuavam na Casa do Menor. Em artigo para na revista Agir& Calar (agosto de 1991) é destacado: “Em cada semestre do ano um seminarista se desloca todas as tardes para colaborar com os monitores da Casa do Menor. A presença de cada um é muito significativa e é motivo de crescimento e alegria. Percebe-se que os dons de Deus são compartilhados com os mais pequenos. Esta colaboração, esta presença, é importante na formação, tanto de quem atua quanto na dos colegas”.
No ano de 1991, em relato de Agir&Calar (Agosto de 1991) os seguintes programas eram desenvolvidos na Casa do Menor:
- Escola-Casa do Menor-Escola: o maior número de menores assistidos são os que estudam e no contraturno permanecem na Casa do Menor. São em torno de 90, com idade entre 7 e 15 anos. Atividades: reforço escolar, almoço, lanche, higiene, lazer, horta, musica, saúde, arte, iniciação aos trabalhos de marcenaria e padaria. Uma vez por semana um grupo vende jornais no centro da cidade e ganham parte do que vendem. Periodicamente, realizam torneios, teatros, gincanas internas e outros envolvendo as escolas. Algumas vezes por ano cantam e animam nas missas das paróquias locais e vizinhas. Os objetos produzidos na marcenaria são vendidos e parte da receita é distribuída entre os menores daquele setor.
- Engraxates: estes, em torno de 15, com idade entre 10 e 15 anos, prestam serviço de engraxates no centro da cidade e frequentam a Casa do Menor para o lanche, almoço, higiene e lazer. No verão, a maioria deixa de engraxar e vende picolés nos balneários próximos. A maioria deixou a escola para se dedicar ao trabalho auxiliando suas famílias.
- Visitas: um número significativo de menores são acompanhados através de visitas as famílias e escolas com frequência irregular na Casa do Menor.
- Reuniões: bimestralmente, acontecem reuniões com os pais (mães) para avaliação das atividades, palestras, festas e outros.
A Casa do Menor Madre Regina fez história e marcou a vida de muitas crianças e adolescentes. Muitas foram as pessoas que se doaram na construção desse Projeto. A parceria entre a comunidade religiosa dos Josefinos e das irmãs de Santa Catarina trouxe muita esperança, renovação, vida nova para muitas famílias atendidas. A parceria com as irmãs durou até o ano de 2007. A partir de 2008, as Irmãs de Santa Catarina assumiram todo o Projeto e a comunidade religiosa dos Josefinos iniciou outra atividade denominada, novamente, de Centro de Aprendizagem Murialdo (CAM).
Dentre todos os confrades que atuaram na Casa do Menor Madre Regina convém destacar o Pe. Raimundo Pauletti, que coordenou todas as atividades desde o início deste projeto e o Ir. Augusto Rossi, um administrador incansável de um coração generoso. Ir. Augusto desenvolveu uma atividade significativa que beneficiou inúmeras famílias do município de Araranguá. Encaminhou pessoas carentes para a aposentadoria no INSS. Com esta atividade social, Ir. Augusto promoveu muitas famílias que estavam em situação de miséria. Muitas não tinham nenhum tipo de renda e estavam abandonadas pelo poder público.
O Centro de Aprendizagem Murialdo (CAM) está orientado a partir da Lei do Menor Aprendiz (Lei N° 10.097/ de 19 de dezembro de 2000) e suas atualizações. O projeto foi elaborado pela Assistente Social Mary Anne e pelo Pe. Vilcionei Baggio. O público-alvo eram adolescentes (16 a 18 anos) em situação de vulnerabilidade social, familiar e pessoal.
O projeto iniciou com uma turma no período matutino e uma no vespertino. 80 adolescentes iniciaram as atividades em março de 2008. O objetivo era preparar o adolescente para o mundo do trabalho e garantir sua inserção no mesmo através de acompanhamento e formação continuada. Além da vulnerabilidade social, outra exigência era a frequência escolar. Aos poucos o projeto foi sendo estruturado e novos profissionais foram contratados: uma professora e uma psicóloga.
O recurso para manter o projeto era garantido pelo Colégio Murialdo: o espaço físico destinado eram as salas de aula, quadras esportivas, sala de computação, salas de atendimento para grupos e individual, sala coordenação e recepção.
Parcerias foram sendo estabelecidas com o Conselho Municipal de Assistência Social, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, empresas, casas comerciais e a busca de parceria com a prefeitura, câmara de vereadores, fórum para que os adolescentes formados e preparados conseguissem mercado para trabalhar. O Grupo de Leigos ALAMA (Associação Leigos Amigos de Murialdo Araranguá) tornou-se um parceiro fundamental para que o projeto conseguisse avançar. Com a dedicação das voluntárias foram realizadas muitas atividades com o objetivo de angariar fundos para investir em estrutura e atendimento. No ano de 2013 o Grupo ALAMA conseguiu junto a Secretaria Regional, através do SEGEF, a doação de 32 computadores para aula de inclusão digital. É presença marcante durante todo o ano letivo e também na formatura, onde prepara uma recepção para todos os formandos e convidados. No ano de 2014 faleceu a Dona Chica, uma colaboradora incansável, afetuosa, dedicada e muito querida por todos. Chica esteve presente desde o início da Casa do Menor Madre Regina.
No ano de 2014 foram 134 adolescentes atendidos. Após 6 anos de atividades são muitos os adolescentes encaminhados para o mundo do trabalho que conseguiram promoção e efetivação nas empresas. No ano de 2014 foram 47 adolescentes aprendiz encaminhados e acompanhados semanalmente. Isso proporcionou, inclusive, a inserção em universidade.
As atividades desenvolvidas são muitas; destaca-se: aulas de música, dança, hip-hop, informática, esporte, acompanhamento pessoal com psicóloga, acompanhamento familiar, aulas de matemática, recursos humanos, português, relacionamento pessoal e interpessoal, gerenciamento de crises e conflitos, espiritualidade, dinâmica de grupo.
É um projeto que muda a vida dos adolescentes e aponta caminhos para o crescimento pessoal e familiar. O acompanhamento realizado de modo pessoal facilita e possibilita apontar caminhos novos e ideais renovados.
Outro projeto social desenvolvido pelo Murialdo é a bolsa de estudo. São alunos com dificuldade financeira comprovada e que são aprovados por uma comissão formada por uma assistente social, representantes da Apemar, representante dos professores e um representante do setor administrativo. Este projeto de bolsa de estudo sempre esteve presente no Murialdo, mas a partir do ano de 2005 foi sendo sistematicamente organizado pela mantenedora ILEM.
7. AÇÃO PASTORAL
Desde a sua fundação, o Colégio Murialdo sempre foi percebido como um campo de evangelização, semeadura para a Palavra de Deus. A presença da espiritualidade sempre foi uma marca da Instituição. De diferentes formas, sempre foi incentivada reflexão da Palavra de Deus, a vida de oração e a participação eclesial dos alunos e educadores.
O primeiro campo de evangelização é a própria sala de aula. Nunca faltou a oração com os alunos, os retiros com os educadores, formação na vida de fé através de cursos específicos e até em outro estado. As semanas pedagógicas e as reuniões sempre são permeadas de celebração. Os alunos participam, em etapas distintas, de momentos específicos: retiros todos os anos para os alunos concluintes do ensino médio e fundamental II, celebração de Páscoa, Natal, Dia de São Leonardo Murialdo para os alunos da Educação Infantil e fundamental I, bem como oração todos os dias antes de iniciar as atividades.
Outro campo de apostolado é a paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens e a paróquia Sagrada Família. A comunhão existente entre os párocos e os padres e irmãos religiosos é motivo de destaque e de alegria. Pode-se destacar, além das celebrações nas missas, festas, catequese, a presença na Pastoral da Juventude, e o atendimento às comunidades.
No atendimento às comunidades da paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens, Ir. Augusto Rossi merece destaque. Foi ministro da Palavra de Deus em muitas comunidades e ajudou a construir várias capelas. Era comum todo final de semana Ir. Augusto sair de bicicleta de Araranguá e pregar a Palavra de Deus no Balneário Arroio do Silva, Morro dos Conventos, Sangradouro, Manhoso e Canjiquinha. Sua atuação foi tão significativa que recebeu homenagem na Câmara de Vereadores e uma rua, na comunidade da Canjiquinha, recebeu o seu nome.
O primeiro e principal campo de evangelização continua sendo é o colégio. Papa Francisco escreve: “Não desanimeis diante das dificuldades apresentadas pelo desafio educativo! Educar não é uma profissão, mas uma atitude, um modo de ser; para educar é preciso sair de si mesmo e permanecer no meio dos jovens, acompanhá-los nas etapas do seu crescimento, pondo-se ao seu lado. Dai-lhes esperança, otimismo para o seu caminho no mundo. Ensinai-lhes a ver a beleza e a bondade da criação e do homem, que conserva sempre os vestígios do Criador. Mas, sobretudo, com a vossa vida, sede testemunhas daquilo que comunicais. Um educador […] transmite conhecimentos e valores com as suas palavras, mas só será incisivo sobre os jovens se acompanhar as palavras com o testemunho, com a sua coerência de vida. Sem coerência não é possível educar”!