Vivemos o período de volta às aulas! Um momento repleto de novidades que desperta um turbilhão de sensações e sentimentos nas crianças, na família e educadores. Entendemos que o ciclo escolar representa um processo gradual de crescimento, no qual novas habilidades cognitivas, sociais e emocionais são conquistadas de forma vivida, envolvendo a família, a escola e toda a sociedade.
Com a inserção cada vez mais precoce das crianças no ambiente escolar, o chamado período de adaptação, especialmente nos primeiros anos, exige de nós, cuidadores - escola e família - da criança, um olhar atento e investigativo sobre as práticas adotadas. Como podemos compreender o período de adaptação a partir da experiência singular de cada criança e dos desafios que esse processo implica para ela, sua família e a escola?
A palavra “adaptação” pode sugerir que a criança recém-chegada à escola deve, o mais rápido possível, equiparar-se aos demais para se integrar ao fluxo do ambiente escolar. No entanto, acreditamos que uma verdadeira “educação do coração” deve estar alicerçada na sensibilidade e no cuidado de si. Isso significa acolher e reconhecer a constituição subjetiva que se forma no encontro com o outro, garantindo que cada criança, em sua singularidade, encontre um ambiente que sustente e valorize as diferenças.
Uma educação verdadeiramente emancipatória, humana e sensível deve permitir que cada criança, nesse momento de transição, encontre elementos que a ajudem a reconhecer em si traços das múltiplas experiências de adaptação que já viveu.
São essas vivências que a constituem e que podem dar sentido à integração no novo ambiente. Para isso, é essencial o apoio e o manejo adequado dos adultos que a cercam, apresentando-lhe um mundo progressivamente mais amplo e, acima de tudo, possível.
Portanto, a adaptação escolar é, antes de tudo, um processo de encontro. Encontro com o novo, com o outro e, sobretudo, consigo mesmo. Para a criança, é um momento em que se coloca à prova a confiança no mundo, na previsibilidade das relações e no espaço que lhe é oferecido para existir. Para os pais, é um instante de separação e de continuidade – um fio invisível que precisa sustentar a segurança sem sufocar a liberdade.
Cada criança vivencia esse processo de forma única, e compreendê-lo é essencial para garantir uma transição mais tranquila e acolhedora.
Para auxiliar nesse momento, a psicóloga escolar Rosana Rossatto produziu um material destacando alguns aspectos fundamentais que podem contribuir na vivência desta experiência. Acompanhe.
O choro na adaptação
O choro não significa rejeição à escola, mas sim a reorganização dos laços afetivos. Algumas crianças choram logo no início, enquanto outras levam alguns dias para manifestar essa mudança. O importante é acolher esse sentimento sem pressa, permitindo que a criança construa sua segurança no novo ambiente.
A tranquilidade dos adultos importa
As crianças são extremamente sensíveis às emoções dos adultos que as cercam. Quando pais e responsáveis demonstram confiança e naturalidade ao falar sobre a escola, a criança encontra nesse ambiente emocional um apoio seguro para explorar o novo.
Conversas que acolhem
Evitar interrogatórios sobre o dia escolar e, em vez disso, conversar de maneira leve e natural ajuda a criança a processar suas experiências. Nomear novas amizades, brincadeiras e desafios permite que ela se aproprie dessa nova etapa com mais segurança.
Objetos de segurança
Brinquedos ou itens familiares podem ser grandes aliados no processo de adaptação. É importante encontrar elementos que ajudem a criança reconhecer em si traços das experiências de adaptação que já viveu.
O tempo de cada um
Cada criança tem um ritmo próprio para se adaptar ao novo ambiente. Respeitar esse tempo é fundamental para que a experiência seja vivida de forma leve e significativa. O acolhimento e a paciência dos adultos fazem toda a diferença nesse processo.
Construindo confiança e pertencimento
A adaptação escolar é um processo de encontro – com o novo, com o outro e, principalmente, consigo mesmo. Para a criança, é um momento de construir confiança no mundo, na previsibilidade das relações e no espaço que lhe é oferecido para crescer.
Para os pais, é um equilíbrio delicado entre separação e continuidade – um fio invisível que sustenta a segurança sem impedir a liberdade.
Rosana Rossatto - Psicóloga escolar (tarde)