O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. (Rubem Alves)
De 17 a 19 de junho, os estudantes dos 2º Anos do Ensino Fundamental do Colégio Murialdo – Unidade Centro participaram de encontros do projeto “Justiça Restaurativa e Círculos da Paz”. A ação ocorreu na Capela da Instituição e contou com a presença das crianças, dos professores das turmas e foi coordenada pelo coordenador do Projeto, professor Edmundo Marcon.
Os Círculos da Paz congregam as pessoas a estabelecerem vínculos, reúnem as pessoas para resolverem problemas e chegarem a entendimentos e fortalece relacionamentos. Eles têm como fundamentos o espaço seguro para diálogo e a resolução de conflitos onde todos são respeitados e todos têm igual oportunidade para falar sem serem interrompidos. Nos Círculos, os envolvidos debatem seus sentimentos, expõem seus argumentos e buscam, por meio do diálogo, a criação de um espaço de fala e de escuta qualificada.
No Colégio Murialdo, os Círculos têm sido uma experiência muito significativa na qualificação das. relações, no diálogo e na construção da cultura da paz e não-violência.
ORIGEM: a origem dos CIRCULOS DA PAZ E DA JUSTIÇA RESTAURATIVA é difícil de ser definida, pois na antiguidade já existiam práticas desse tipo. Na história contemporânea, nos anos 1970, há registros da utilização desse método pelos povos indígenas do Canadá e nas comunidades aborígenes maoris da Nova Zelândia. No Brasil, seu marco inicial foi o ano de 2005, com o projeto “Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de Justiça Brasileiro”, iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A cidade de Caxias do Sul é referência no estado, tendo iniciado práticas restaurativas já em 2004, impulsionadas pelos estudos de Comunicação Não Violenta (CNV) e cultura de paz do psicólogo Marshall Rosenberg, trazidos ao Brasil cientista social Dominic Barter e pelo ex-consultor da UNESCO David Adams. Em 2005 foi criado, pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o programa de pacificação social Justiça Restaurativa para o Século 21, coordenado pelo Juiz de Direito Leoberto Brancher, referência no assunto. Em 2010, a especialista em justiça restaurativa Kay Pranis passou pela cidade para ensinar sobre os Círculos de Construção de Paz, método elaborado por ela. Atualmente, a prática está sendo disseminada em todo o Brasil.
Fotos: Daniela Basso e Jonas Fontana