O Murialdo Porto Alegre está chegando longe! Precisamente em Las Vegas, nos Estados Unidos, com a participação no Simpósio Internacional sobre as Tartarugas Marinhas, organizado pela International Sea Turtle Society, de 14 a 20 de abril.
A professora Camila Poli, da disciplina de biologia, apresentará o projeto realizado com os alunos no ano de 2016. Intitulado de “Sobre tartarugas e o futuro: educando crianças para o despertar na ciência e na preservação”, o projeto viabilizou mais do que o conhecimento presente nos livros. Evidenciou a cultura de educação ambiental ao despertar nas crianças a curiosidade, o amor, o cuidado e a necessidade de preservação dos animais.
O projeto de desenvolvimento de conhecimento foi realizado com os alunos da então turma 22, 2º ano do Ensino Fundamental I, e foi realizado em parceria com a professora Karine Cabreira. A atividade envolveu e empolgou a criançada, sendo utilizado para muito além da ciência, introduzindo também os conhecimentos de geografia e matemática.
“O Projeto trouxe a experiência para a sala de aula. Usamos as tartarugas para ensiná-los a cuidar do planeta. O objetivo foi o de preparar as crianças como educadores ambientais mirins. Eles podem nos ajudar levando essas informações para casa, para o bairro, para as pessoas com as quais no colégio nós não temos o contato direto” disse Camila.
UMA PRAIA NA SALA DE AULA
Como despertar o interesse pelas tartarugas marinhas quando os alunos moram longe do litoral? A criatividade das professoras trouxe a praia para dentro da sala de aula:
“Foi construída uma réplica de praia na sala para simular o ciclo de vida de uma tartaruga. Mostramos as ameaças enfrentadas pelos animais. No começo, colocamos uma bola simulando um ovo. As crianças imaginaram que se tratava de um ovo real de tartaruga. Tínhamos o receio de que após descobrirem não ser um ovo de verdade, elas perdessem o interesse, o que não aconteceu. Eles adotaram o filhotinho de pano e deram o nome de ‘Belinha’” disse Camila
Camila descreve: “Em parceria com a professora, formamos uma equipe multidisciplinar e trabalhamos conceitos de sustentabilidade e preservação. Através de recursos como imagens e vídeos passamos informações sobre as espécies, o ciclo de vida e as ameaças. A cada semana modificávamos a praia fictícia de acordo com as informações que haviam sido repassadas e neste momento as crianças deviam interferir e tomar as decisões adequadas para a sobrevivência das tartarugas e o equilíbrio do meio. Através de brincadeiras, as crianças, dentro do seu imaginário, se perceberam como tartarugas e observaram o quão difícil é a vida de um animal que fica com lixo preso ao seu corpo.”
PARA MUITO ALÉM DA CIÊNCIA
A professora de biologia conta ainda que o projeto fomentou outros conhecimentos como, por exemplo, noções de geografia, ao falar do percurso feito pelas tartarugas, e matemática, especialmente sobre medidas e quantidades, como tamanho dos animais e as quantidades de ovos que elas põem.
A PAIXÃO PELAS TARTARUGAS MARINHAS
Camila Poli é uma apaixonada pelas tartarugas. A docente integra a Sociedade Internacional da Tartaruga Marinha, motivo pelo qual já participou das edições passadas do Simpósio Internacional. Em seu mestrado em zoologia, monitorou e estudou as mortes das tartarugas no litoral paraibano. Publicou artigos sobre o tema.
“Mais da metade das mortes era por conta da ação humana e isso é muito sério para uma espécie em extinção. As tartarugas têm uma taxa de sobrevivência muito pequena. Dos cerca de mil filhotes que nascem, somente um sobrevive porque o resto vira comida. Tudo bem que isso faça parte da natureza, mas, agora, se esse um que sobrevive comer plástico, aí entra a ameaça de extinção.
Camila alerta que se engana quem pensa que, morando em Porto Alegre ou em outra cidade distante do mar não tenha a responsabilidade sobre o lixo encontrado pelas tartarugas. Em 2015, quando também levou a experiência murialdina ao Simpósio realizada na Turquia, uma triste constatação foi revelada:
“Com os alunos fizemos um comparativo. Porto Alegre é cortada por um arroio, que termina num grande lago, o Guaíba, que termina numa lagoa que tem ligação com o mar. Eventualmente entram as tartaruga marinha. Então, o meu lixo que alguém lança aqui pode sim parar no estomago de uma tartaruga porque o ambiente está conectado. A minha ação aqui vai interferir do outro lado do mundo. Quando eu estava na Paraíba recolhi lixo do outro lado mundo, da China e da Austrália, por exemplo”.
O projeto foi realizado com sucesso e, sem dúvidas, marcou a vida dos nossos pequenos alunos.
“A semente da curiosidade e do cuidado foi plantada e muitas destas crianças já se consideram cientistas pesquisando formas de preservação das tartarugas” finalizou Camila.
Por Magnus Regis
Assessoria de Comunicação – ascom@murialdopoa.com.br